Homens assassinados ao cobrar dívida no PR: Propriedade onde carro e corpos foram encontrados é multada em R$ 7 milhões por danos ambientais
26/09/2025
(Foto: Reprodução) Propriedade onde foram encontrados carro e corpos de homens que desapareceram ao cobrar dívida no PR é multada em R$ 7 milhões por danos ambientais
PM Ambiental
Os responsáveis por uma propriedade rural em Icaraíma, no noroeste do Paraná, foram multados em mais de R$ 7 milhões por danos ambientais. A fiscalização fez parte da Operação Mata Atlântica em Pé. Saiba mais abaixo.
Segundo a Polícia Militar Ambiental, o local é o mesmo aonde foram encontrados o carro e os corpos dos quatro homens que desapareceram e foram assassinados ao cobrar uma dívida em Icaraíma. Contudo, a polícia afirma que os responsáveis pela propriedade não têm ligação com o crime.
A PM Ambiental informou que os danos ambientais foram percebidos durante as buscas dos quatro homens que estavam desaparecidos. O levantamento sobre o local foi concluído nesta sexta-feira (26), e registrou diversas infrações ambientais graves, como a presença de gado em áreas de mata nativa, degradação de vegetação em estágio de regeneração do bioma Mata Atlântica, e o assoreamento de rios em Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal.
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Ao todo, foram registrados seis autos de Infração Ambiental, resultando em uma multa no valor de R$ 7.548.000,00. Além disso, 278,55 hectares de área foram embargados.
"Também foi verificada a existência de extensa porção de vegetação nativa não declarada como reserva, onde se localiza uma nascente. Essa vegetação encontra-se em estágio médio de regeneração, pertencente ao bioma Mata Atlântica. Toda a área de mata foi inspecionada pela equipe policial, sendo encontrados vestígios da presença de animais, observando que toda a vegetação apresenta sinais de degradação, com baixa capacidade de regeneração natural, devido ao pisoteio constante do gado, que compromete a cobertura vegetal e favorece a compactação do solo, além de assoreamento dos corpos hídricos", informou a PM Ambiental.
Na propriedade foram encontrados gado em mata nativa, degradação de vegetação em regeneração e assoreamento de rios em APPs e Reserva Legal.
Polícia Militar Ambiental
O local está na Área de Proteção Ambiental (APA) Ilhas e Várzeas do Rio Paraná, e isso agravou as penalidades, segundo a PM. Também foi constatado que a vegetação não é cercada, permitindo o livre acesso do gado e intensificando os danos.
A PM informou que a propriedade é arrendada e, por isso, tanto o proprietário quanto o arrendatário foram considerados responsáveis pelos danos. Eles também foram notificados a retirar o gado das áreas de mata e cercar o local. Caso não cumpram as determinações, o animais poderão ser apreendidos.
Ao todo, foram constatados danos em:
65,86 hectares de APP;
131,71 hectares de Reserva Legal;
80,98 hectares de vegetação nativa em regeneração, remanescente no bioma Mata Atlântica.
A PM Ambiental também encontrou vários pontos onde a vegetação foi retirada e bunkers foram instalados por criminosos para a ocultação de carros, corpos e droga.
Segundo a PM Ambiental, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) foi notificado a respeito dos danos encontrados na propriedade.
Na propriedade também foram encontrados bunkers utilizados por criminosos para ocultação de veículos, corpos e drogas.
Polícia Militar Ambiental
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Paraná é o 4º estado com maior área fiscalizada na operação
Paraná é o 4º estado com maior área fiscalizada em operação da Mata Atlântica
O Paraná foi o quarto estado com maior área fiscalizada na Operação Mata Atlântica em Pé, que monitora áreas do bioma em todo o país. Ao todo, 1.377 hectares de floresta foram desmatados, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (26).
O estado fica atrás apenas de Minas Gerais (4.206 ha), Piauí (1.689 ha) e Ceará (1.506 ha). Em todo o Brasil, a operação identificou 12,3 mil hectares desmatados e aplicou R$ 116 milhões em multas.
No Paraná, as equipes vistoriaram mais de 350 alertas de corte ilegal detectados por satélites e aplicaram R$ 9 milhões em multas. A região central concentrou a maioria das áreas degradadas.
Segundo o Ministério Público, a operação também revisitou locais fiscalizados em anos anteriores para verificar se a regeneração da floresta estava ocorrendo, como determina a Lei da Mata Atlântica. Em várias áreas, porém, o solo segue sendo usado para plantio irregular.
“A operação tem conseguido identificar a maior parte dos desmatamentos ilegais e clandestinos. Houve uma redução dos casos, mas ainda é essencial manter a fiscalização”, afirmou o promotor Alexandre Gaio, que coordena a ação.
A Operação Mata Atlântica em Pé é realizada anualmente em 17 estados, onde se encontra o bioma, e conta com apoio de órgãos ambientais e do Ministério Público.
Os responsáveis pelos desmatamentos serão ouvidos pelos Ministérios Públicos Estaduais e devem apresentar planos de regeneração das áreas. O monitoramento por satélite continua sendo feito diariamente.
Queda no desmatamento
Mata Atlântica na Serra do Mar, no Paraná
José Fernando Ogura/AEN
Na edição de 2024, foram identificados 19,5 mil hectares de corte ilegal no país. O número representa uma queda de 42% em relação ao primeiro trimestre de 2024, segundo a Fundação SOS Mata Atlântica.
“Não podemos permitir a continuidade do desmatamento ilegal. É nossa responsabilidade proteger e recuperar a Mata Atlântica”, disse Gaio.
Hoje, o Brasil mantém apenas 12,4% da vegetação original da Mata Atlântica, segundo relatório da SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O bioma se estende por 17 estados das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
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